Propriedades fungicidas do extracto de alho.

Segundo Leite e outros (Rev. Bras. de Agroecologia/nov. 2009 vol. 4 Nº2), experiências laboratoriais e de campo, realizadas com extracto de alho em videira, demonstram o controlo dos fungos Elsinoe ampelina (causador da antracnose) e Phomopsis viticola (causador da escoriose).
Estes investigadores pertencem à Universidade Estadual do Centro Oeste no Brasil e desenvolvem trabalho de investigação no âmbito da agricultura sustentável e da agroecologia.
O artigo completo pode ser consultado na rúbrica "Artigos Científicos" na coluna à sua esquerda, em baixo.

Água a mais ou água a menos?

Quer seja para a rega, quer seja para a elaboração de preparados de plantas ou de microrganismos a água deverá ser a melhor possível. Sendo certo que a atmosfera não tem fronteiras e que a chuva pode nem sempre ter a qualidade desejada, é com ela que temos que contar para recarregar os nossos lençóis freáticos e encher os depósitos das produções agrícolas. Um tanque com uma boa capacidade pode conferir autonomia hídrica, permitindo gerir a rega em momentos de menor precipitação e assegurar a continuidade do crescimento adequado das plantas. No médio prazo, traduz-se em poupança financeira em relação ao uso de água da rede pública.

A biodiversidade e o escaravelho!


Entre duas aplicações de repelente ou de insecticida, uma forma de minimizar a acção do escaravelho poderá ser a existência de outras plantas que eles prefiram. Enquanto as comem, poupam-nos as proteas.

Quem tudo quer, tudo perde!


Nos últimos séculos de ocupação e transformação da paisagem natural das ilhas açorianas, na ânsia de tudo querer, eliminámos as protecções naturais que os nossos solos necessitam. Basta recordar como as nossas estradas se transformam em ribeiras castanhas durante fortes chuvadas. São volumes significativos de nutrientes e de solo que são arrastados para o mar. O que numa década pode parecer imperceptível, já o será num século. Já cá estamos há alguns séculos. A memória é curta e as máquinas fotográficas são recentes. Mas as evidências serão cada vez maiores. Teremos a ganhar investindo na criação de bordaduras com biodiversidade nos nossos campos, que se pretendem produtivos para as próximas gerações. Sem solo, restar-nos-à rocha e mar.

As galinhas gostam de escaravelho!

Tenho observado a preferência com que as galinhas seleccionam o escaravelho japonês para a sua alimentação. A zona que está em pousio poderá ter galinhas que irão controlar o escaravelho ainda na fase em que estão no solo ou a sair deste.

Extracto de urtiga.

O extracto de urtiga é um excelente fertilizante, fortificando a planta e reforçando as defesas. Funciona também como repelente de insectos e estimula a flora microbiana do solo.

As aves e o escaravelho japonês!


Tenho observado o melro negro a alimentar-se do escaravelho japonês. Fizeram ninhos nos arbustos das proteas. Deixo-os ficar. Estão-me a ajudar no controlo dos insectos.
A criação de um lago também favorece a atracção de aves úteis para o ecossistema agrário.

Protecção integrada. Porquê?

Um produtor convencional, habituado a usar químicos de síntese no controlo de lesmas, insectos e fungos, poderá progressivamente ir substituindo os químicos por auxiliares biológicos ou extractos de plantas.
A combinação de métodos químicos com métodos biolólogos, integra as duas estratégias.
Deverá ter-se em atenção evitar que os químicos comprometam a viabilidade dos auxiliares biológicos em acção (nemátodos, bactérias, fungos ou outros).

Controlo biológico com nemátodos.

Numa cultura agrícola convencional, a utilização intensiva da mesma área de produção e em monocultura contribui para um desequilíbrio do solo e do ecossistema.
Num processo de transição para a agricultura biológica, podemos utilizar nemátodos parasitas de lesmas e de caracóis para reduzir a população dos mesmos.
Numa fase posterior, quando o ecossistema agrário estiver enquadrado por muita biodiversidade, o controlo natural será mais funcional e necessitará de menos ajudas externas.

Rumo à permacultura!

Inspirados pelas ideias de agricultura natural de Masanobu Fukuoka, dois ecologistas australianos, Bill Mollison e David Holmegren, desenvolveram o conceito de permacultura na década de 1970.
Articulando práticas ancestrais com conhecimentos da moderna biotecnologia, propõe uma prática integradora que viabiliza a sustentabilidade ambiental. Esta resultará não apenas de uma agricultura natural, mas também do somatório do contributo de cada cidadão no seu quotidiano, com atitudes expressas a vários níveis.



A importância do cálcio

Embora considerado um nutriente secundário, hoje sabe-se que o cálcio tem uma função muito importante no crescimento e na nutrição da planta, bem como na deposição da parede celular. Uma planta bem nutrida e de parede celular bem estruturada tem uma melhor resistência aos fungos. Na época de crescimento das proteas, a adubação foliar com cálcio traduz-se num ganho no crescimento e na resistência das folhas aos fungos.

Biodiversidade = poupança financeira

Ao favorecermos a biodiversidade vegetal e animal estaremos a reduzir os custos com insecticidas e fungicidas. Como? Um ecossistema em equilíbrio é um espaço onde ocorre um controlo natural dos herbívoros pelos carnívoros.

Biodiversidade, plantas endémicas dos Açores e protecção do solo.

A plantação de uma faixa de arbustos e de árvores em torno da área de cultivo é uma excelente forma de proteger o solo, evitando que as águas de escorrência retirem nutrientes ou removam solo. Ao usarmos plantas endémicas estaremos a promover a fauna natural das ilhas. Arbustos que produzam flores e bagas irão atrair insectos e aves. Estes farão o controlo natural dos insectos herbívoros.

O solo é o nosso "petrólio".

Uma agricultura diversificada e inovadora, que vá ao encontro das necessidades dos consumidores actuais e de um modelo de desenvolvimento sustentável, é uma base forte para o desenvolvimento de outros sectores de actividade económica, quer ao nível dos produtos transformados quer ao nível dos serviços. O consumidor actual valoriza o produto local pela sua frescura, num primeiro plano. O segundo critério começa a ser já o rótulo "certificado biológico". Sendo quase impossível cada país produzir tudo o que consome, há uma enorme margem para produzir para consumo interno e para exportação.

O escaravelho japonês começou a sair do solo!

Os primeiros escaravelhos japoneses já sairam do solo. Hoje verifiquei pessoalmente a presença da forma aérea do escaravelho japonês numa plantação de proteas na costa sul. Começam por comer as folhas das silvas. Em breve começarão a roer as folhas das proteas. Há dois anos, verifiquei um ataque significativo. No ano passado consegui controlar de forma biológica, mantendo a qualidade da folhagem nas astes. Com folhas de qualidade reduz-se muito o tempo e o trabalho de preparação das astes para o embalamento.

Bacillus thuringiensis e óleo de Neem.

Em caso de um ataque significativo de lagarta, poderemos combinar o Bacillus thuringiensis com o Óleo de Neem, conseguindo um efeito insecticida eficaz.

Nos Açores, o mel pode ser biológico?

(Foto de Bruno Faria, mosca sobre flor de Leucospermum Tango)

É frequente observar-se moscas, vespas e abelhas nas flores de proteas. Será essencial diversificar a produção florícola ou a plantação de plantas (arbustos ou árvores) com flor, por forma a potenciar a produção de mel nas ilhas açorianas. A criação de sebes com biodiversidade também favorece a apicultura. A existência de uma área envolvente às colmeias em que a utilização de químicos de síntese seja inexistente permite certificar a produção de mel como sendo biológica. A Varroa tem sido um parasita comprometedor da viabilidade de algumas colmeias. Estudos e investigações, universitárias e de produtores, indicam que as práticas culturais e a utilização de determinados produtos biológicos como o timol tornam viável uma produção biológica.

Lua e agricultura. Qual a relação?

"(...) A agricultura biodinâmica partilha alguns aspectos com a agricultura biológica. A elevada diversidade biológica minimiza o desenvolvimento de pragas e doenças. São usadas a rotação e a consociação de culturas, bem como a fertilização orgânica e é totalmente rejeitado o uso de agro-químicos.
O que a distingue são três elementos fundamentais: o uso de preparados biodinâmicos para tratar o solo e as plantas, o composto usado como fertilizante e a utilização de um calendário astrológico na escolha dos momentos para realizar as actividades agrícolas.
(...)
A agricultura biodinâmica foi fundada na Alemanha, em 1924, por Rudolf Steiner. Em resposta a um grupo de agricultores, que lhe solicitaram orientações para resolver os problemas de degradação ambiental decorrentes das práticas agrícolas, Steiner criou então o “curso aos agricultores”. As conferências que o integraram estão reunidas num livro que constitui os fundamentos da biodinâmica."
Citação de Cristina Baptista
in http://biosofia.net/2001/01/17/agricultura-biodinamica-a-arte-de-cuidar-da-terra/ (acedido a  12 de Junho de 2011)

O futuro também se constrói com sementes!

A semente contém todo o potencial da biodiversidade. A não utilização de variedades tradicionais conduz inevitavelmente, a longo prazo, a uma diminuição do número das variedades e das espécies de que dispomos para produzir alimentos vegetais. Num panorama de possíveis alterações climáticas, decorrentes do aquecimento global, uma reduzida biodiversidade poderá significar a eliminação de muitas espécies porque não terão a diversidade suficiente. Porque sem biodiversidade serão todos iguais. Se forem todos igualmente inadaptados nas novas condições climáticas isso significará a extinção, logo menos alimentos vegetais disponíveis. Ainda estamos a tempo de mudar o rumo.

O Biológico e o turismo. Que relação e que futuro?

Segundo o Pablo, "el futuro es biológico". Este futuro é já uma realidade em países como a Alemanha, cujos consumidores valorizam o biológico. São estes mesmos alemães que nos procuram como destino turístico e, por vezes, como local para fixar residência. A produção convencional e os transgénicos proliferam num mundo que é cada vez "mais do mesmo", em que sendo tudo igual, onde está a diferenciação que nos confere um trunfo turístico e económico? Os transgénicos constituem um risco para a biodiversidade. As siglas DOP, Certificação Biológica e Livre de Transgénicos constituem em si valores que serão as melhores bandeiras dos Açores num mundo globalizado. Em pleno início do século XXI, a crise económica sinaliza a necessidade de um modelo de desenvolvimento sustentável. O que queremos que sejam os Açores em 2050?

Um lago! Porquê?

Um lago, maior ou menor, permitirá ter um local de encontro entre insectos herbívoros e insectos predadores. Ambos necessitam de água. O lago favorece o encontro entre o predador e a presa.

Controlo biológico de insectos.



Na base do controlo biológico de insectos está a promoção da biodiversidade no nosso ecossistema agrário. O princípio é o de que organismos vivos predadores irão funcionar como auxiliares na captura de insectos herbívoros que afectam as plantas que nos interessam produzir.
Numa fase inicial, quando a biodiversidade é muito reduzida, pode-se dar uma ajuda usando alguns insecticidas ou repelentes naturais de insectos. O uso do sabão de potássio funciona muito bem no controlo dos pulgões, por exemplo, quando associado ao uso posterior de um insecticida biológico.

Extracto de alho.

O extracto de alho é usado como repelente natural. A sua eficácia está testada em roedores, aves e insectos comuns como afídeos, mosca branca e cigarrinha verde. Também funciona como repelente para coelhos em hortícolas. É recomendado para culturas hortícolas, fruteiras e ornamentais.

Extractos de plantas. O início do modo biológico nas proteas.

Na Páscoa de 2007 visitámos o Pablo, produtor biológico de proteas, em La Palma. O entusiasmo pelo modo biológico já existia. O Pablo abriu-nos o caminho, indicando os primeiros passos. No ano seguinte, foi ele que nos visitou. Consolidámos um modo de produção. Iniciámos com urtiga, cavalinha, milfólio e tomilho. A urtiga como fertilizante e repelente de insectos; a cavalinha para reforçar as defesas da planta, o milfólio como cicatrizante e o tomilho como fungicida. No Faial, foram vários os produtores a iniciar estas experiências, em simultâneo.

Uma pequena diferença pode fazer uma grande diferença!

Algumas alterações na prática produtiva, integrando conhecimentos tradicionais com o uso de microrganismos auxiliares, permitirá converter e certificar uma produção agrícola como biológica e isenta de resíduos de síntese química.
Bioprotea, enquanto produtora de proteas, integra um conjunto de 6 produtores do Faial que iniciaram o processo de certificação com o organismo certificador Sativa. O processo está a ser articulado pelo Núcleo Dinamizador da Agricultura Biológica da Cooperativa Agrícola da Ilha do Faial.

Desacelerar a eutrofização das lagoas. Como?

A agricultura biológica poderá dar um importante contributo, com práticas que reduzam a utilização de adubos de síntese química e criando cortinas de abrigo mais largas e com maior biodiversidade do que aquela que se verifica actualmente e integrando mais espécies endémicas. A continuidade das lagoas contribuirá para o equilíbrio dos ecossistemas agrários em cada ilha.

As lagartas estão a chegar! Como controlar?

A biodiversidade vegetal favorece a diversidade de espécies animais. A existência de plantas com flor ou de um pequeno lago atrai insectos, que procuram néctar ou água. As vespas ao patrulharem a nossa plantação, colocam ovos no interior dos pulgões. O ovo desenvolve-se e o embrião da nova vespa desenvolve-se no interior do pulgão, acabando por o matar. O predomínio das pastagens favorece um nível de lagartas que poderá comprometer economicamente a colheita. Pode ser dada uma ajuda pulverizando uma bactéria, o Bacillus Thuringiensis. Quando a lagarta come a folha, ingere a bactéria. Uma toxina produzida por esta bactéria vai provocar a morte da lagarta, resultando num controlo muito eficaz da população de lagartas.