Encontro do Mundo Rural - de 22 a 24 de maio - Divulgação do Programa

Divulgação do Programa
Local: Quinta de S.Lourenço, Faial. Açores.

Quinta-feira, 22 de maio

PAVILHÃO

16h00 – Workshop aromáticas: utilização e cuidados, pelo eng.º Emanuel Silva

20h00 – Palestra: Permacultura – conceito e práticas, pelo arquiteto Luís Amaral

21h00 – Prova de produtos locais (Adeliaçor e Geoparque Açores)

 

Sexta-feira, 23 de maio

TENDA DA DIVERSIFICAÇÃO AGRÍCOLA

18h00 – Apresentação equestre – atividade da Associação Hípica Faialense

PAVILHÃO

18h00 – 19h00 – Palestra: Agricultura familiar, pela prof.ª Emiliana Silva, da Universidade dos Açores

 

Sábado, 24 de maio

PAVILHÃO

10h30 – Workshop a céu aberto Espiral de aromáticas – Uma oficina sobre permacultura, pelo arq.º Luís Amaral

14h00 – Palestra: A importância dos sistemas de informação geográfica na agricultura e riscos naturais, pela dr.ª Verónica Silva

15h00 – 18h00 – Oficina de queijo (Adeliaçor e Geoparque Açores)

18h15 – Exibição de documentário "A farm for the future", seguida de uma "fish bowl" sobre o tema em discussão, a permacultura

21h00 – 23h00 – Harmonização de queijos e vinhos (Adeliaçor e Geoparque Açores)

Efeito Fertilizante e Antifúngico da Mistura de Cal e Cinzas

Revista Brasileira focada na Agricultura Sustentável dá conta de análises à composição da água de cal e cinzas, com 2% de farinha de trigo como aderente.
Comprova o efeito fertilizante, repelente de insetos e antifúngico.
Consulte o artigo aqui.




Efeito Antifúngico do Extrato de Pimenta

Investigadores da Universidade de Caxias do Sul no Brasil demonstraram o efeito antifúngico do extrato de pimenta. O efeito revelou-se mais eficaz em Botrytis sp.
Consulte o artigo aqui.



Urtiga - Planta Estimulante

Urtiga, uma planta com capacidade de favorecer o crescimento das outras plantas, de estimular a vida microbiana do solo e as capacidades de auto-defesa das plantas contra ataques de parasitas.
Um extrato obtido a frio, após corte da planta (folhas frescas e raízes) e deixando em água (da chuva) durante 1 dia (800g de urtiga para 10L de água), permite depois uma diluição a 10% para pulverização das plantas e do solo (Petiot et al., 2008).

Bibliografia referida:
Bertrand, B., Paul Collaert, J. e Petiot, E., 2008. Plantas para Curar Plantas. 2ª Edição. La Fertilidad de la Tierra Ediciones. Navarra. 107 p.

A importância do cálcio

Embora considerado um nutriente secundário, hoje sabe-se que o cálcio tem uma função muito importante no crescimento e na nutrição da planta, bem como na deposição da parede celular. Uma planta bem nutrida e com paredes celulares bem estruturadas tem uma melhor resistência aos fungos. Na época de crescimento das proteas a adubação foliar com cálcio traduz-se num ganho no crescimento e na resistência das folhas aos fungos.

Algas e Fertilização

A recolha de algas trazidas pelo mar e a sua colocação numa pilha exposta à água da chuva permitirá eliminar o excesso de sal. A incorporação no solo funcionará como um excelente fertilizante natural.



O Potássio e a Floração


A adubação foliar com potássio induz a floração, minimizando as astes sem flor.

O potássio, em fruteiras, é favorável à frutificação.

Recomendado para fruteiras, citrinos, hortícolas em geral, vinha, tropicais e ornamentais.

Fornecido combinado com cálcio.

Diluição de 35 ml/10L de água.

Adubação Foliar e Resistência aos Fungos


Uma adubação foliar adequada permite induzir resistência na folhagem.
A pulverização com cálcio (de origem biológica) favorece a mobilidade dos restantes micronutrientes.
Verifica-se um bom crescimento das astes e um aumento da resistência aos fungos.
Tem sido usado com sucesso na cultura de proteas no Faial. É também recomendado para fruteiras, citrinos, hortícolas, vinha, tropicais e ornamentais.
Diluição recomendada: 15 a 35 ml/10 L de água.


Adubo mineral admitido em Agricultura Biológica



Os adubos obtidos a partir de minas, extraídos por processos físicos, são homologados para uso em agricultura biológica.
O adubo 11(+5+27+10) com k2O, MgO, Na2O e SO3 foi ensaiado e os resultados demonstram que os animais em pastoreio preferem forragem fertilizada com este adubo.
Verifica-se um ganho médio diário de peso em novilhas e em vacas em lactação quando comparado com um grupo sem fertilizante.

Agricultura Biológica. Porquê?

Foi um privilégio podermos participar nas I Jornadas de Agricultura Biológica da Ilha do Faial, que decorreram nos últimos dois dias.

Com um conjunto de oradores muito experientes e uma plateia muito participativa, reforçou-se a importância da agricultura biológica no contexto de um desenvolvimento sustentável.

Fica o desafio de se continuar a transpor para a prática do agricultor os conhecimentos que a ciência e a experimentação vão gerando. Fica o desafio de continuar a aprofundar a comunicação entre todas as partes envolvidas na investigação, produção, distribuição e comercialização.

Ficou evidente a importância de cada produtor partilhar as suas experiências próprias.

Para bem de uma boa gestão dos recursos naturais, biológicos e hídricos. Para bem da saúde humana e do bom funcionamento dos ecossistemas. Para que os sistemas terrestres continuem a funcionar e mantenham a capacidade de reequilíbrio que nos tem permitido existir como espécie.

Foto: salão da Casa do Povo da Praia do Norte. Faial. Açores.

Itália - crescimento do sector Bio

Segundo a Biofach Market Report, o sector Bio em Itália cresceu 12 % em 2010, representando um volume de negócio de 300 milhões de euros. É o país da Europa com o maior número de empresas do sector Bio, 47 663 empresas nas áreas da produção, transformação e comércio.

in www.oneco.biofach.de (acedido a 30 de Outubro de 2011)


Divulgação:

I Jornadas de Agricultura Biológica do Faial
11 e 12 de Novembro de 2011

Programa
(clicar na imagem para ampliar)


Divulgação:

I Jornadas de Agricultura Biológica do Faial
11 e 12 de Novembro de 2011

Ficha de Inscrição
(clicar na imagem para ampliar) 

Afastar as aves das frutas!

A pulverização com extracto de alho permite afastar as aves das uvas e de outros frutos, aumentando a quantidade na colheita.

Mosca branca, ácaros e pulgões.

O extracto de flores de  Chrysantemun cinerariaefolium (Pelitre) tem sido usado com sucesso no controlo da mosca branca, pulgões e ácaros. O efeito será reforçado se combinado com extracto de arruda.


Neem e BT no controlo do escaravelho da batateira

O trabalho experimental de Kuhne e outros (2008), coloca em evidência que a utilização combinada do Bacillus thuringiensis e do Óleo de Neem permite um controlo eficaz do escaravelho da batateira Leptinotasara decemlineata Say.
O controlo começa ainda na fase larvar do escaravelho, quando a lagarta começa a comer as folhas. A utilização combinada do Neem e do BT reduz a possibilidade de serem desenvolvidas resistências pelo insecto.
Este trabalho de investigação teve por base a batateira que produz a batata branca, Solanum tuberosum.
Para aceder ao artigo completo clique sobre Kuhne e outros (2008)

Cálcio e Potássio



O potássio favorece a floração e o cálcio aumenta a resistência da planta aos fungos.

O Escaravelho Japonês e a batateira.

Folha da planta da batata doce sob forte ataque do Escaravelho Japonês, numa produção agrícola em conversão na costa sul do Faial.

Extracto de alho e o controlo de Botrytis cinerea

Investigadores da Universidade Northwest A & F, na China, verificaram experimentalmente um controlo da germinação dos esporos do fungo Botryties cinerea pelo extracto de alho. O resultado na prevenção (89,1%) é melhor do que quando aplicado como curativo (76,4%). Este estudo refere-se à cultura do tomate (Wei e outros, 2010).
O fungo Botryties cinerea também afecta a cultura de proteas, principalmente em momentos de nevoeiros, danificando a terminação da aste, provocando a ramificação lateral e inviabilizando a formação de uma aste com interesse comercial.

Quem pode melhorar o "mundo"?

 No rumo da protecção climática e da criação de uma segurança alimentar para o futuro, são vários os países que iniciaram o apoio prioritário à produção agro-pecuária biológica.
Uma população bem alimentada será uma população mais feliz e mais produtiva.
O leite é uma alimento essencial como produto alimentar e como base para a criação de produtos transformados.
Um leite isento de antibióticos, de resíduos químicos e produzido a partir de pastagens biológicas certificadas permite viabilizar a produção de iogurtes, manteiga e queijo biológicos certificados.
Este mês foi inaugurado no Líbano uma fábrica para processamento de leite biológico e produção de produtos biológicos derivados de leite (segundo http://www.ameinfo.com/269900.html, acedido a 24 de Julho).
Os consumidores mundiais já começaram a dar sinais de preferência pelos produtos biológicos. Esta é também uma forma de mudar o mundo para melhor. Podemos contribuir, quer estejamos na produção, na transformação, no comércio ou apenas como consumidores.

O milho e a lagarta.

O milho (Zea mays), produzido para alimentação humana ou do gado, é alvo das lagartas. Poderemos fazer uma prevenção eficaz pulverizando Bacillus thuringiensis. Numa situação inicial poderemos aplicar apenas na área mais afectada e na extremidade da plantação, para criar uma zona de protecção à entrada da praga.

A pastagem biológica!

A produção de leite e de carne biológicas, como já se pode visitar na Galiza e em França, tem na base o bem estar animal e o maneio da pastagem por forma a produzir a diversidade de plantas que permitam ao gado a alimentação adequada com o mínimo de suplementos nutritivos.
No caso de ser necessário alguma adubação, esta poderá ser efectuada com adubos adequados para uma produção biológica da pastagem.
No comércio da ilha do Faial é possível comprar leite biológico certificado, por 0.97 euros o litro, produzido na Galiza. No continente consome-se leite biológico produzido em França.
Neste momento, na ilha do Faial, um produtor de carne já faz adubação biológica da sua pastagem e iniciou o processo de certificação da sua produção.

Os pulgões e as monoculturas.

Os pulgões (afídeos) reproduzem-se a grande ritmo e preferem os rebentos jovens e as monoculturas. Retiram seiva da planta, atrasando o seu crescimento, e as suas excreções favorecem o desenvolvimento de fungos.
A aplicação de sabão de potássio contribui para o controlo do pulgão e para a limpeza das suas excreções, diminuindo as condições para o ataque de fungos.
Simultaneamente, poderão criar-se as condições para atrair predadores naturais dos pulgões: aranhas, pássaros, mosquitos predadores, joaninhas, crisopas e sirfídeos.

Controlo biológico da lagarta da videira.

Experimentação científica, conduzida numa Universidade no Brasil (no campo e em laboratório), demonstra que o Bacillus thuringiensis é tão eficaz quanto os insecticidas químicos no controlo da lagarta (Arq. Inst. Biol., São Paulo, v.74, n.2, p.129-134, abr./jun., 2007). Neste caso o estudo incidiu sobre a lagarta da videira.
O Bacillus thuringiensis pode também ser usado contra um leque alargado de lagartas, como a do tomateiro, pessegueiro, citrinos, couve, alface, pinheiro e de outras culturas.

O ouriço-cacheiro, um bom auxiliar!

Uma cadeia alimentar equilibrada contém um conjunto de predadores que se alimentam de pragas agrícolas.
A agricultura biológica favorece os predadores naturais, criando habitats adequados para eles.
O ouriço-cacheiro é um excelente auxiliar que "trabalha" durante a noite. Alimenta-se de invertebrados como lagartas, lesmas e escaravelhos.

Os pássaros e as uvas!

Durante os meses de crescimento das uvas, a aplicação de extracto de alho afasta os pássaros. A existência de sebes com bagas será uma forma das aves terem o que comer, reduzindo a pressão sobre as uvas.

Rotação de culturas

A rotação de culturas contribui para a fertilidade do solo, manutenção da sua estrutura e previne a predominância de fungos prejudiciais no solo. Favorece igualmente o controlo das infestantes.

Controlar as ervas daninhas sem herbicidas!

As ervas daninhas competem pelo espaço, luz, água e nutrientes.
Os produtores biológicos não utilizam herbicidas. Recorrem a uma combinação de métodos como a rotação de culturas, a mobilização do solo, a cobertura do solo e a escolha de variedades mais competitivas que as ervas daninhas.
A utilização de herbicidas destrói o equilíbrio do solo, favorecendo o aumento de populações de fungos patogénicos, prejudiciais às plantas.

Sementes: qual o limite da propriedade?

As plantas com flor produzem, após polinização, semente. Cedo aprendemos que da germinação da semente resultará uma planta, da qual poderemos obter novamente sementes.
Algumas sementes presentes no mercado germinam  e originam uma planta que não produz sementes. Isso obriga o produtor a comprar novamente sementes.
Se abandonarmos as plantas de variedades tradicionais e incentivarmos o comércio de "sementes suicídas" estaremos a comprometer seriamente a biodiversidade e a aumentar a dependência do agricultor.
A quem pertence a biodiversidade genética que a semente permite?
Depois do incêndio começar, chamamos os bombeiros. O incêndio já começou e todos os bombeiros são poucos para apagar este fogo.

Propriedades fungicidas do extracto de alho.

Segundo Leite e outros (Rev. Bras. de Agroecologia/nov. 2009 vol. 4 Nº2), experiências laboratoriais e de campo, realizadas com extracto de alho em videira, demonstram o controlo dos fungos Elsinoe ampelina (causador da antracnose) e Phomopsis viticola (causador da escoriose).
Estes investigadores pertencem à Universidade Estadual do Centro Oeste no Brasil e desenvolvem trabalho de investigação no âmbito da agricultura sustentável e da agroecologia.
O artigo completo pode ser consultado na rúbrica "Artigos Científicos" na coluna à sua esquerda, em baixo.

Água a mais ou água a menos?

Quer seja para a rega, quer seja para a elaboração de preparados de plantas ou de microrganismos a água deverá ser a melhor possível. Sendo certo que a atmosfera não tem fronteiras e que a chuva pode nem sempre ter a qualidade desejada, é com ela que temos que contar para recarregar os nossos lençóis freáticos e encher os depósitos das produções agrícolas. Um tanque com uma boa capacidade pode conferir autonomia hídrica, permitindo gerir a rega em momentos de menor precipitação e assegurar a continuidade do crescimento adequado das plantas. No médio prazo, traduz-se em poupança financeira em relação ao uso de água da rede pública.

A biodiversidade e o escaravelho!


Entre duas aplicações de repelente ou de insecticida, uma forma de minimizar a acção do escaravelho poderá ser a existência de outras plantas que eles prefiram. Enquanto as comem, poupam-nos as proteas.

Quem tudo quer, tudo perde!


Nos últimos séculos de ocupação e transformação da paisagem natural das ilhas açorianas, na ânsia de tudo querer, eliminámos as protecções naturais que os nossos solos necessitam. Basta recordar como as nossas estradas se transformam em ribeiras castanhas durante fortes chuvadas. São volumes significativos de nutrientes e de solo que são arrastados para o mar. O que numa década pode parecer imperceptível, já o será num século. Já cá estamos há alguns séculos. A memória é curta e as máquinas fotográficas são recentes. Mas as evidências serão cada vez maiores. Teremos a ganhar investindo na criação de bordaduras com biodiversidade nos nossos campos, que se pretendem produtivos para as próximas gerações. Sem solo, restar-nos-à rocha e mar.

As galinhas gostam de escaravelho!

Tenho observado a preferência com que as galinhas seleccionam o escaravelho japonês para a sua alimentação. A zona que está em pousio poderá ter galinhas que irão controlar o escaravelho ainda na fase em que estão no solo ou a sair deste.

Extracto de urtiga.

O extracto de urtiga é um excelente fertilizante, fortificando a planta e reforçando as defesas. Funciona também como repelente de insectos e estimula a flora microbiana do solo.

As aves e o escaravelho japonês!


Tenho observado o melro negro a alimentar-se do escaravelho japonês. Fizeram ninhos nos arbustos das proteas. Deixo-os ficar. Estão-me a ajudar no controlo dos insectos.
A criação de um lago também favorece a atracção de aves úteis para o ecossistema agrário.

Protecção integrada. Porquê?

Um produtor convencional, habituado a usar químicos de síntese no controlo de lesmas, insectos e fungos, poderá progressivamente ir substituindo os químicos por auxiliares biológicos ou extractos de plantas.
A combinação de métodos químicos com métodos biolólogos, integra as duas estratégias.
Deverá ter-se em atenção evitar que os químicos comprometam a viabilidade dos auxiliares biológicos em acção (nemátodos, bactérias, fungos ou outros).

Controlo biológico com nemátodos.

Numa cultura agrícola convencional, a utilização intensiva da mesma área de produção e em monocultura contribui para um desequilíbrio do solo e do ecossistema.
Num processo de transição para a agricultura biológica, podemos utilizar nemátodos parasitas de lesmas e de caracóis para reduzir a população dos mesmos.
Numa fase posterior, quando o ecossistema agrário estiver enquadrado por muita biodiversidade, o controlo natural será mais funcional e necessitará de menos ajudas externas.

Rumo à permacultura!

Inspirados pelas ideias de agricultura natural de Masanobu Fukuoka, dois ecologistas australianos, Bill Mollison e David Holmegren, desenvolveram o conceito de permacultura na década de 1970.
Articulando práticas ancestrais com conhecimentos da moderna biotecnologia, propõe uma prática integradora que viabiliza a sustentabilidade ambiental. Esta resultará não apenas de uma agricultura natural, mas também do somatório do contributo de cada cidadão no seu quotidiano, com atitudes expressas a vários níveis.



A importância do cálcio

Embora considerado um nutriente secundário, hoje sabe-se que o cálcio tem uma função muito importante no crescimento e na nutrição da planta, bem como na deposição da parede celular. Uma planta bem nutrida e de parede celular bem estruturada tem uma melhor resistência aos fungos. Na época de crescimento das proteas, a adubação foliar com cálcio traduz-se num ganho no crescimento e na resistência das folhas aos fungos.

Biodiversidade = poupança financeira

Ao favorecermos a biodiversidade vegetal e animal estaremos a reduzir os custos com insecticidas e fungicidas. Como? Um ecossistema em equilíbrio é um espaço onde ocorre um controlo natural dos herbívoros pelos carnívoros.

Biodiversidade, plantas endémicas dos Açores e protecção do solo.

A plantação de uma faixa de arbustos e de árvores em torno da área de cultivo é uma excelente forma de proteger o solo, evitando que as águas de escorrência retirem nutrientes ou removam solo. Ao usarmos plantas endémicas estaremos a promover a fauna natural das ilhas. Arbustos que produzam flores e bagas irão atrair insectos e aves. Estes farão o controlo natural dos insectos herbívoros.

O solo é o nosso "petrólio".

Uma agricultura diversificada e inovadora, que vá ao encontro das necessidades dos consumidores actuais e de um modelo de desenvolvimento sustentável, é uma base forte para o desenvolvimento de outros sectores de actividade económica, quer ao nível dos produtos transformados quer ao nível dos serviços. O consumidor actual valoriza o produto local pela sua frescura, num primeiro plano. O segundo critério começa a ser já o rótulo "certificado biológico". Sendo quase impossível cada país produzir tudo o que consome, há uma enorme margem para produzir para consumo interno e para exportação.

O escaravelho japonês começou a sair do solo!

Os primeiros escaravelhos japoneses já sairam do solo. Hoje verifiquei pessoalmente a presença da forma aérea do escaravelho japonês numa plantação de proteas na costa sul. Começam por comer as folhas das silvas. Em breve começarão a roer as folhas das proteas. Há dois anos, verifiquei um ataque significativo. No ano passado consegui controlar de forma biológica, mantendo a qualidade da folhagem nas astes. Com folhas de qualidade reduz-se muito o tempo e o trabalho de preparação das astes para o embalamento.

Bacillus thuringiensis e óleo de Neem.

Em caso de um ataque significativo de lagarta, poderemos combinar o Bacillus thuringiensis com o Óleo de Neem, conseguindo um efeito insecticida eficaz.

Nos Açores, o mel pode ser biológico?

(Foto de Bruno Faria, mosca sobre flor de Leucospermum Tango)

É frequente observar-se moscas, vespas e abelhas nas flores de proteas. Será essencial diversificar a produção florícola ou a plantação de plantas (arbustos ou árvores) com flor, por forma a potenciar a produção de mel nas ilhas açorianas. A criação de sebes com biodiversidade também favorece a apicultura. A existência de uma área envolvente às colmeias em que a utilização de químicos de síntese seja inexistente permite certificar a produção de mel como sendo biológica. A Varroa tem sido um parasita comprometedor da viabilidade de algumas colmeias. Estudos e investigações, universitárias e de produtores, indicam que as práticas culturais e a utilização de determinados produtos biológicos como o timol tornam viável uma produção biológica.

Lua e agricultura. Qual a relação?

"(...) A agricultura biodinâmica partilha alguns aspectos com a agricultura biológica. A elevada diversidade biológica minimiza o desenvolvimento de pragas e doenças. São usadas a rotação e a consociação de culturas, bem como a fertilização orgânica e é totalmente rejeitado o uso de agro-químicos.
O que a distingue são três elementos fundamentais: o uso de preparados biodinâmicos para tratar o solo e as plantas, o composto usado como fertilizante e a utilização de um calendário astrológico na escolha dos momentos para realizar as actividades agrícolas.
(...)
A agricultura biodinâmica foi fundada na Alemanha, em 1924, por Rudolf Steiner. Em resposta a um grupo de agricultores, que lhe solicitaram orientações para resolver os problemas de degradação ambiental decorrentes das práticas agrícolas, Steiner criou então o “curso aos agricultores”. As conferências que o integraram estão reunidas num livro que constitui os fundamentos da biodinâmica."
Citação de Cristina Baptista
in http://biosofia.net/2001/01/17/agricultura-biodinamica-a-arte-de-cuidar-da-terra/ (acedido a  12 de Junho de 2011)

O futuro também se constrói com sementes!

A semente contém todo o potencial da biodiversidade. A não utilização de variedades tradicionais conduz inevitavelmente, a longo prazo, a uma diminuição do número das variedades e das espécies de que dispomos para produzir alimentos vegetais. Num panorama de possíveis alterações climáticas, decorrentes do aquecimento global, uma reduzida biodiversidade poderá significar a eliminação de muitas espécies porque não terão a diversidade suficiente. Porque sem biodiversidade serão todos iguais. Se forem todos igualmente inadaptados nas novas condições climáticas isso significará a extinção, logo menos alimentos vegetais disponíveis. Ainda estamos a tempo de mudar o rumo.

O Biológico e o turismo. Que relação e que futuro?

Segundo o Pablo, "el futuro es biológico". Este futuro é já uma realidade em países como a Alemanha, cujos consumidores valorizam o biológico. São estes mesmos alemães que nos procuram como destino turístico e, por vezes, como local para fixar residência. A produção convencional e os transgénicos proliferam num mundo que é cada vez "mais do mesmo", em que sendo tudo igual, onde está a diferenciação que nos confere um trunfo turístico e económico? Os transgénicos constituem um risco para a biodiversidade. As siglas DOP, Certificação Biológica e Livre de Transgénicos constituem em si valores que serão as melhores bandeiras dos Açores num mundo globalizado. Em pleno início do século XXI, a crise económica sinaliza a necessidade de um modelo de desenvolvimento sustentável. O que queremos que sejam os Açores em 2050?

Um lago! Porquê?

Um lago, maior ou menor, permitirá ter um local de encontro entre insectos herbívoros e insectos predadores. Ambos necessitam de água. O lago favorece o encontro entre o predador e a presa.

Controlo biológico de insectos.



Na base do controlo biológico de insectos está a promoção da biodiversidade no nosso ecossistema agrário. O princípio é o de que organismos vivos predadores irão funcionar como auxiliares na captura de insectos herbívoros que afectam as plantas que nos interessam produzir.
Numa fase inicial, quando a biodiversidade é muito reduzida, pode-se dar uma ajuda usando alguns insecticidas ou repelentes naturais de insectos. O uso do sabão de potássio funciona muito bem no controlo dos pulgões, por exemplo, quando associado ao uso posterior de um insecticida biológico.

Extracto de alho.

O extracto de alho é usado como repelente natural. A sua eficácia está testada em roedores, aves e insectos comuns como afídeos, mosca branca e cigarrinha verde. Também funciona como repelente para coelhos em hortícolas. É recomendado para culturas hortícolas, fruteiras e ornamentais.

Extractos de plantas. O início do modo biológico nas proteas.

Na Páscoa de 2007 visitámos o Pablo, produtor biológico de proteas, em La Palma. O entusiasmo pelo modo biológico já existia. O Pablo abriu-nos o caminho, indicando os primeiros passos. No ano seguinte, foi ele que nos visitou. Consolidámos um modo de produção. Iniciámos com urtiga, cavalinha, milfólio e tomilho. A urtiga como fertilizante e repelente de insectos; a cavalinha para reforçar as defesas da planta, o milfólio como cicatrizante e o tomilho como fungicida. No Faial, foram vários os produtores a iniciar estas experiências, em simultâneo.

Uma pequena diferença pode fazer uma grande diferença!

Algumas alterações na prática produtiva, integrando conhecimentos tradicionais com o uso de microrganismos auxiliares, permitirá converter e certificar uma produção agrícola como biológica e isenta de resíduos de síntese química.
Bioprotea, enquanto produtora de proteas, integra um conjunto de 6 produtores do Faial que iniciaram o processo de certificação com o organismo certificador Sativa. O processo está a ser articulado pelo Núcleo Dinamizador da Agricultura Biológica da Cooperativa Agrícola da Ilha do Faial.

Desacelerar a eutrofização das lagoas. Como?

A agricultura biológica poderá dar um importante contributo, com práticas que reduzam a utilização de adubos de síntese química e criando cortinas de abrigo mais largas e com maior biodiversidade do que aquela que se verifica actualmente e integrando mais espécies endémicas. A continuidade das lagoas contribuirá para o equilíbrio dos ecossistemas agrários em cada ilha.

As lagartas estão a chegar! Como controlar?

A biodiversidade vegetal favorece a diversidade de espécies animais. A existência de plantas com flor ou de um pequeno lago atrai insectos, que procuram néctar ou água. As vespas ao patrulharem a nossa plantação, colocam ovos no interior dos pulgões. O ovo desenvolve-se e o embrião da nova vespa desenvolve-se no interior do pulgão, acabando por o matar. O predomínio das pastagens favorece um nível de lagartas que poderá comprometer economicamente a colheita. Pode ser dada uma ajuda pulverizando uma bactéria, o Bacillus Thuringiensis. Quando a lagarta come a folha, ingere a bactéria. Uma toxina produzida por esta bactéria vai provocar a morte da lagarta, resultando num controlo muito eficaz da população de lagartas.

Extractos e microrganismos. Com que água?

Recuperar a água da chuva é uma forma económica e eficaz de dispor de água de qualidade para a elaboração de preparados a partir de extractos de plantas e para aplicação de microrganismos.

Agricultura Natural - Masanobu Fukuoka


Vale a pena conhecer Massanobu Fukuoka, um japonês que demonstrou que a agricultura biológica é possível. Parecerá utópico? Talvez. Mas, como sabemos, "o sonho comanda a vida".

Controlo da erva: vantagens do não uso de herbicidas.

Numa plantação de proteas ou em outra cultura (vinha, por exemplo) contribui para o controlo das infestantes a sementeira de centeio, que liberta exsudações herbicidas. A plantação de trevo violeta, de fava ou tremoço irá favorecer o enriquecimento do solo em azoto. Fazendo o corte da erva e evitando o uso de herbicidas químicos favorecemos a biodiversidade no solo e o equilíbrio do mesmo. Quanto maior a diversidade de vida no solo, maior o controlo de uns organismos sobre os outros e menor a probabilidade de uma população de Phytophtora, por exemplo, assumir um predomínio que possa prejudicar as plantas.

Nos Açores há condições para o Queijo Biológico!

Actualmente o mercado exige e reconhece a qualidade. Estudos apontam que a tendência do mercado será para uma procura crescente dos produtos biológicos. Nos Açores, segundo o especialista Dr. Lázaro Simbine, é alcançável a produção de leite biológico, viabilizando a produção do queijo biológico. Será uma mais valia para o queijo de S. Jorge, do Pico, do Faial e de todas as ilhas açorianas. O facto é que já há bons exemplos no continente português, senão veja-se http://www.qual.pt/ Existem (e fornecemos) adubos certificados para a agro-pecuária biológica, e o produtor poderá desenvolver práticas que minimizem a necessidade de adubação.

Será que o vinho do Pico poderá ser biológico (certificado)?

A biodiversidade vegetal pode ser aumentada assegurando a existência de uma sebe com espécies vegetais diferentes, arbóreas e arbustivas. Se estas plantas produzirem flor e baga será ainda mais interessante para permitir atrair insectos predadores e aves insectívoras. Ao criarmos uma faixa com alguns metros de largura estaremos a perder área de produção? O ganho que conseguimos com a redução da erosão do solo e o controlo natural das pragas por auxiliares naturais irá compensar. No Douro decorre actualmente experimentação (Projecto BioDiVine) para avaliar as vantagens da biodiversidade numa plantação de vinha (www.advid.pt).
Na ilha do Pico, alguns produtores de vinho estão a testar microrganismos na luta biológica contra os fungos. A dificuldade, dizem, está no controlo da erva.

Biodiversidade num ecossistema agrário. Porquê?

















A existência de plantas diferentes numa área agrícola potencia a diversidade de insectos e de outros animais,
incluindo os predadores naturais dos insectos herbívoros que afectam as plantas que pretendemos cultivar.
Quando utilizamos herbicidas eliminamos diversidade de plantas e destruímos o equilíbrio do solo, o qual tem uma teia alimentar muito mais complexa do que aquela que existe acima do solo. Um solo biologicamente desequilibrado favorece o predomínio de alguns fungos, que poderão ser prejudiciais para as plantas que pretendemos produzir. É o caso do fungo Phytophtora, que ataca a raíz e destrói os vasos de transporte, acabando a planta por secar. A compensação poderá ser efectuada introduzindo o fungo Tricoderme, o qual irá impedir o desenvolvimento da Phytophtora. O Tricoderme deverá ser aplicado nos momentos em que a Phytophtora é mais activa no solo, no início e no fim do Inverno. Também se deverá colocar nas jovens plantas antes de as plantar, para assegurar protecção no início de uma plantação de proteas.

Porquê continuar a utilizar químicos de síntese na sua horta familiar?

Hoje é possível conduzir uma horta familiar 100% em biológico. Deverá recorrer a técnicas tradicionais como a rotação, a consociação e a compostagem.  Por exemplo,  Capuchina (Tropaeolum majus) em consociação permite afastar a mosca branca. Adicionalmente, poderá utilizar extractos de plantas e microrganismos auxiliares. Combinando conhecimentos tradicionais com a moderna biotecnologia, é possível realizar uma agricultura biológica viável.

Produção Própria


BioProtea produziu e exportou em 2011 cerca de 38 000 proteas, produzidas 100% em modo biológico.

Escaravelho Japonês

Na sua forma aérea o escaravelho poderá ser controlado com sabão de potássio. Este fragiliza o insecto afectando as traqueias respiratórias. Alguns dias depois podemos pulverizar extracto de alho ou extracto de flores de crisântemo. O primeiro actua como repelente e o segundo como insecticida. No pico do ataque de escaravelho o Óleo de Neem é eficaz, embora não seja um insecticida selectivo e, por isso, deva ser usado apenas quando necessário por forma a minimizar a acção sobre os organismos auxiliares que nos interessa atrair para o nosso ecossistema agrário.

22 de Maio - Dia Internacional da Biodiversidade

"Celebra-se em todo o mundo no dia 22 de Maio o DIA INTERNACIONAL DA BIODIVERSIDADE ou da DIVERSIDADE BIOLÓGICA.
O Dia Internacional da Biodiversidade foi instituído pela UNESCO com o objectivo de promover o conhecimento sobre a biodiversidade e alertar para os problemas a ela associados como as alterações climáticas, as rápidas mudanças nos diferentes habitats e as consequentes modificações nas taxas de reprodução animal e no crescimento das plantas ou, em casos extremos, o desaparecimento de inúmeras espécies de fauna e flora.
O Decreto-Lei nº 21/93, de 21 de Junho, que ratificou a CONVENÇÃO DA BIODIVERSIDADE, define a biodiversidade como a “variabilidade entre os organismos vivos de todas as origens, incluindo os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos dos quais fazem parte; compreende a diversidade dentro de cada espécie, entre as espécies e dos ecossistemas”.
in www.apambiente.pt (acedido a 22 de Maio de 2011)

Coelhos e hortícolas

Para afastar o coelho de um campo de hortícolas podemos pulverizar a extremidade da cultura com extracto de alho.

Produtores de Proteas na Ilha do Faial

O actual site da Secção de Floricultura da Cooperativa de Agricultores da Ilha do Faial é  http://caif-aaif.net/flori.htm

Leucospermum Tango - colheita do 1ª trimestre de 2011.

Agricultura Biológica na ilha do Faial, arquipélago dos Açores, Portugal.

Há já três anos que iniciámos experiências na produção de proteas em modo de produção biológico, embora as nossas plantações de proteas se tenham iniciado há sete anos. Este foi o nosso quarto ano de exportação de proteas como flores de corte.
Este ano realizámos uma colheita de proteas conduzida 100% em modo biológico, apesar de o processo de certificação estar a iniciar-se e de as flores ainda não serem vendidos como biológicas.
Acreditamos no modo biológico, por experiência própria. Acreditamos na diversificação e na integração.
Temos vindo a desenvolver um trabalho cooperativo que nos entusiasma.
Desafiamos os produtores e todos os entusiastas do modo de produção biológico a partilharem as suas ideias neste "fórum", local de continuidade das discussões que tanto animam as reuniões em que participamos na Cooperativa Agrícola, quer no grupo de produtores de proteas, quer no núcleo dinamizador da agricultura biológica.